Visando evitar a abertura de trajetos fistulosos e o corte – mesmo que parcial – dos esfíncteres anais, novas técnicas têm surgido nos últimos anos. O preenchimento do trajeto fistuloso com cola de fibrina foi utilizado com grande entusiasmo inicialmente e relatos na literatura médica de sucesso em induzir a cicatrização do trajeto fistuloso em um elevado percentual de pacientes. Infelizmente, estes resultados não puderam ser reproduzidos em estudos posteriores e hoje é um tratamento excepcionalmente utilizado, em casos muito selecionados.
A cola de fibrina é um derivado biológico do sangue humano, de elevado custo. É constituído de dois componentes que são injetados ao mesmo tempo no trajeto. Quando misturados, tendem a “endurecer” dentro de local em que foram aplicados e induzir uma resposta inflamatória local que, ao cabo, formará cicatriz. No caso do preenchimento com cola de fibrina, o paciente também é levado ao centro cirúrgico, em ambiente hospitalar, anestesiado (prefere-se a anestesia raquidiana, um tipo de bloqueio espinhal) e o paciente é posicionado da mesma maneira que na cirurgia convencional.
Assim como na fistulotomia, o trajeto é identificado. No entanto, ao invés de abri-lo, o cirurgião realiza uma “raspagem” para removar tecidos que atrapalhariam a cicatrização e remove os orifícios interno e externo da fístula. Com o auxílio de uma pequena cânula então é injetada a cola de fibrina ao longo do trajeto. Os resultados na literatura médica são bastante variáveis, girando entre 10 e 80% de sucesso, a depender da série. Seu uso tem sido cada vez mais reservado a casos muito específicos.
Além de preenchimento com cola de fibrina, um material semi-liquido que torna-se gelatinoso no interior do trajeto fistuloso, surgiu há pouco menos de uma década outra alterantiva, com bastões sólidos feitos com colágeno de uma camada do intestino do porco (submucosa), chamado Surgisys®. Teria um papel semelhante ao da cola de fibrina, ou seja: preencher o trajeto fistuloso, possibilitando a cicatrização do mesmo. Por se tratar de material sólido que é “costurado” à estruturas musculares do orifício fistuloso interno, teria a vantagem de não “vazar”, algo que ocorre muitas vezes com a cola de fibrina, contribuindo para seu insucesso. No entanto, o que se observa com certa frequência, é a migração deste pequeno bastão pelo orifício externo da fístula, o que leva ao insucesso do tratamento.
Assim como no caso da cola de fibrina, houve grande entusiasmo inicial a partir de estudos com resultados promissores que não puderam ser consistentemente reproduzidos por outros grupos de pesquisa. As razões pelas quais tais resultados não puderam ser reproduzidos são incertas. Em nosso país, importante estudo multicêntrico realizado em 2006, do qual participei, demonstraram uma taxa de sucesso de cerca de 30% apenas. Taxas semelhantes de sucesso foram relatadas em outros estudos. Assim como anteriormente descrito, o emprego deste oneroso material está reservado a uns poucos casos selecionados. Na COLONO, temos alguma experiência com o Surgisys, que é a nossa técnica de preenchimento de escolha.
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